Luxo e mordomia na Praia do Forte

Autor e fotos: Natália Manczyc –

 

Quando o empresário paulista Klaus Peters resolveu em 1968 comprar 5.600 hectares de terra na Praia do Forte, a 55 km de Salvador (BA), poderia ter sido chamado de louco. Na até então vila de pescadores, praticamente não havia luz elétrica, água encanada nem sinal telefônico. Mas Peters passou a desenvolver a região. Montou uma pousada, imobiliária, loja, empresa de transportes… Seu mais ambicioso projeto foi a construção do primeiro grande hotel por lá, em 1985: o Praia do Forte Ecoresort – desde 2006 chamado Tivoli Ecoresort, quando foi adquirido pela rede portuguesa Tivoli.

A piscina com borda infinita de frente para a praia é o ponto alto da estada no Tivoli Ecoresort.

O neto de alemães urbanizou a Praia do Forte, mas sempre com a preocupação ecológica. Por isso, a preservação ambiental virou marca da cidade. O aspecto, claro, também é extremamente presente no hotel: uma infinidade de coqueiros permeia as centenas de espreguiçadeiras distribuídas ao redor das piscinas e em frente à praia. A atenção a essas árvores é tanta que a regra é que nenhuma construção na cidade (e no Tivoli) pode ultrapassar a altura de um coqueiro padrão.

Assim, o hotel de ambiente sofisticado é composto por blocos de quartos baixos que, junto com os quatro restaurantes, são es palhados em 300 mil m2 de jardim. Isso dá a sensação de total liberdade, de privacidade e de que você é um dos poucos hóspedes – não importa se o resort está com a ocupação máxima ou não. O hotel tem toda a calmaria que em nada lembra o clima dos resortões com corre-corre de crianças, festas de galera e monitores para lá e para cá. O Tivoli é mais para quem procura sossego.

 

A vila

A localização ajuda a aumentar o clima de tranquilidade. O pedaço da praia em que o resort está instalado não tem nada de muvuca. Apesar dos muitos tours de Salvador à cidade, a área é pouco frequentada e só uma pessoa ou outra caminhando ou curtindo as piscinas naturais formadas pelos arrecifes complementam a paisagem da região.

O resort fica numa enseada cheia dessas formações rochosas, o que significa que onda é coisa rara naquele trecho do mar, considerado quase uma piscina de água salgada e morna a qualquer hora do dia. E, basta caminhar cerca de 700 metros para chegar a alguns atrativos da cidade: O Projeto Tamar, que visa proteger as tartarugas e apresenta em tanques e aquários algumas das espécies; e a avenida ACM, a principal da vila, com restaurantes bacanas e grifes cariocas e paulistas (como Osklen, Blue Man e Cantão) mesclados a lojinhas de artesanato e botecos.

Além de vista para o mar ou para o amplo jardim do resort baiano.

Embora seja chamada de avenida, trata-se de um calçadão, onde carros são proibidos de entrar. Circulam somente os tuc-tucs – bicicletas coloridas e adapta das com bancos para levar até quatro pessoas – que, usados como táxis, deixam claro que a Praia do Forte tem um quê de única se comparada a outros destinos do Nordeste.

É no vilarejo que fica o bar do Souza, o lugar de maior agito à noite na Praia do Forte. Literalmente reúne gente de todos os perfis: de adolescentes a casais de idosos, de nativos a turistas estrangeiros, além de empresários da hotelaria da Praia do Forte.

Todos se divertem e boa parte dança e canta sucessos de axé e sertanejo universitário. É lá também que fica a típica Casa de Farinha, um quiosque famoso por oferecer os populares beijus, uma espécie de tapioca.

Todos os quartos do Tivoli têm varandas com redes.

Comida boa

Mas para comer bem mesmo o Tivoli Ecoresort é “o” lugar. Na diária estão inclusos café da manhã e jantar, com um farto bufê (são 90 itens) com comida internacional e brasileira e muita gastronomia regional: macaxeira, feijão de corda, galinha cabidela e doces como rabanada, mingau de aveia e cuscuz de tapioca são só algumas das perdições, sem contar o sorvete de coco verde, a sobremesa de maior sucesso no resort.

Mordomias do resort: centenas de espreguiçadeiras espalhadas à beira da praia e os deliciosos pratos à base de frutos do mar.

Por conta de uma política de sustentabilidade para a vila, o Tivoli não inclui almoço para estimular os hóspedes a fazerem a refeição na cidade. Apesar disso, vale almoçar no Tabaréu, restaurante à la carte do hotel, em frente à praia. Especializado em frutos do mar, serve receitas bastante diferenciadas como o camarão gratinado ao abacaxi, um dos mais pedidos.

Depois de se deliciar com uma comida dessa de frente para o mar, outra regalia é partir para o Thalasso Spa que, escondido em uma área verde, conta com piscinas privativas, saunas com cromoterapia e tratamentos exclusivos. Com tanta mordomia, resta agradecer a Klaus Peters pela iniciativa pioneira.

 

Esse trecho foi retirado da revista Viaje Mais, seção Hortelaria, edição 140.

 

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