Os 10 melhores passeios da Serra Gaúcha

Ninguém precisa sair do Brasil para curtir o astral típico dos países europeus. Na Serra Gaúcha, as cidades parecem até vilarejos do Velho Continente. Gramado e Canela são as mais famosas, mas as montanhas do Rio Grande do Sul guardam pelo menos meia dúzia de lugares igualmente charmosos. E cada qual do seu jeito, todas mantém a herança que os colonos italianos e alemães trouxeram de fora. Há bons vinhos em Bento Gonçalves, cafés coloniais em Nova Petrópolis, cânions de Aparados da Serra e uma maratona de atrações para aproveitar com a família toda. Saiba o que você não pode deixar de conhecer na sua próxima viagem pela linda serra dos gaúchos.

Curtir o charme de Gramado

A “capital” da Serra Gaúcha é o melhor exemplo de como seria o Brasil se tivesse o zelo alemão em tudo, do cuidado com os jardins à limpeza das ruas. Basta olhar em volta e notar o charme das arquiteturas em estilo enxaimel e os telhados triangulares dos chalés. Uma regra local exige que todas as construções sigam o padrão europeu que os colonos alemães e italianos deixaram de herança. A cidade tem atmosfera de cidade alpina. E além de encantadora, a cidade é célebre pela mesa farta nos restaurantes, que se valem de fondues, galetos e cafés coloniais. Gramado é a mais famosa cidade da Serra Gaúcha e a mais visitada também, recebe cerca de dois milhões de turistas por ano. E não só no inverno (quando pode até nevar), mas também no período do Natal, quando as ruas e praças ficam iluminadas e com uma bárbara decoração natalina. É o chamado Natal-Luz de Gramado, que é animado com espetáculos teatrais, shows musicais e desfiles com carros alegóricos.

Esquiar no Snowland

O Snowland é um parque de neve indoor com pista de esqui e tobogãs de gelo. Inaugurado em 2013, se tornou a atração mais cobiçada de Gramado. Foi instalado em um imenso galpão de 16 mil metros quadrados, equipado com máquinas que produzem neve de verdade. A temperatura interna é de -5oC. Para entrar, os visitantes recebem roupa especial impermeável, botas e luvas. E assim, devidamente vestido, podem se jogar na neve fofa, deslizar nos tobogãs de gelo ou aprender a esquiar com instrutores profissionais. O espaço gelado inclui uma minivila com cafeteria para tomar chocolate quente; e um teatro de gelo, palco do espetáculo Flokus, que termina com flocos de neve caindo sobre o público.

O parque de neve indoor Snowland – Foto: Tales Azzi

Visitar divertidos museus

Gramado é cheia de museus e parques temáticos que agradam a família inteira. É o caso da Aldeia do Papai-Noel, um parque bem no centro da cidade, onde está a fábrica de brinquedos e a casa do bom velhinho. É quase tão tradicional quanto o Mini Mundo, aberto em 1983, que simula uma cidade em miniatura com réplicas perfeitas de construções famosas do mundo. Lá estão o Castelo de Neuschwanstein, o Castelo de Mônaco, o Museu do Ipiranga… Em Canela, o Museu Mundo a Vapor também se dedica às miniaturas, com réplicas de máquinas a vapor, incluindo indústrias inteiras em proporções diminutas. O que arranca mais sorrisos, porém, é o Dreamland, um curioso museu de cera com estátuas de artistas e celebridades mundiais.

Museu Mundo a Vapor, em Canela – Foto: Tales Azzi
Mini Mundo, com incríveis miniaturas de cidades famosas, em Gramado – Foto: Tales Azzi

Apreciar a natureza em Canela

A apenas 6 km de Gramado, a pequena Canela é bem mais bucólica e guarda uma impressionante sequência de parques naturais, que são boas amostras da exuberância da paisagem da Serra Gaúcha. O mais visitado é o Parque Estadual do Caracol, que dá acesso à Cachoeira do Caracol, de 131 metros de altura. Nem precisa caminhar muito para curtir o visual, pois a há mirantes bem próximos da entrada do parque e um divertido passeio de bondinho aéreo que permitem chegar bem próximo da imensa queda d’água. Já o Ecoparque Sperry oferece um circuito com 2 km de trilhas que passa por quatro cachoeiras, a maior de todas com 45 metros de altura, a Cachoeira da Usina. No verão, é uma delícia nadar na Cachoeira do Poço. No fim de semana, é aberto o restaurante Bêrga Môtta, que fica dentro da área do parque. O Alpen Parque, por sua vez, é um parque de diversões instalado em meio ao verde da serra. Oferece atividades de arvorismo, tirolesas, montanha-russa e um passeio de trenó que desce por trilhos em meio a mata de araucárias.

Bondinho no Parque do Caracol, em Canela – Foto: Tales Azzi

Conhecer Nova Petrópolis

A mais alemã das cidades da Serra Gaúcha é a pequena Nova Petrópolis. Ali, em meio a ruas de nomes impronunciáveis como “Schwarzwald” caminham pessoas loirinhas e ouve-se muito mais o idioma alemão do que o sotaque gaúcho dos pampas. Nos restaurantes, são servidas uma profusão de einsbein, schnitzels e strudels. E as casas em estilo enxaimel dão a impressão que você entrou em um parque temático. A tranquilidade também é total, até porque um grande parque verde domina o centro de Nova Petrópolis. É o Parque Aldeia do Imigrante. Dentro dele, uma vila reconstruída mostra como eram os assentamentos dos colonos que vieram da região da Pomerânia, na Alemanha. Prove o café colonial do tradicional Opa’s Kaffeehaus e suba ao Ninho das Águias, um mirante natural usado como rampa de decolagem de parapente com linda vista para as montanhas, a 8 km da cidade.

Comer (muito) bem

Comer bem é um dos maiores prazeres da Serra Gaúcha, que é um festival permanente de sopas de capelete, galetos na brasa, fondues fumegantes e chocolates. A culinária da região é das mais fartas e variadas do país. Para entender isso, basta provar o café colonial, um banquete de encher a mesa, no qual doces e salgados vão à mesa ao mesmo tempo sem nenhum excrúpulo. Experimente-o no Restaurante Coelho, em Gramado, que serve salgadinhos fritos na hora, bolos fofinhos, bufê de tortas e outros 80 itens para comer feito Rei Momo. Nenhum prato, porém, é mais típico do que o fondue, que os restaurantes servem em sequência. Começa com o fondeu de queijo, segue com o de carne e finaliza com o de chocolate. Os restaurantes Belle du Vallais e Chateau de la Fondue são os mais famosos para comer o fondue. A novidade na Serra Gaúcha, é o surgimento das cervejarias artesanais, que vêm ganhando reconhecimento pela qualidade do chope. É o caso da Rasen Platz, na Rua Coberta, em Gramado; e da Farol, em Canela.

O Café Colonial do Restaurante Coelho, em Gramado – Foto: Tales Azzi

Tour de vinícolas em Bento Gonçalves

Bento Gonçalves é a principal cidade do circuito do vinho da Serra Gaúcha. Lá estão algumas das mais tradicionais vinícolas do país, como a Aurora, inaugurada em 1931. Ocupa um imenso galpão bem no centro da cidade. A maioria das vinícolas, porém, estão ao longo de uma estrada de 20 km que corta ao meio o chamado Vale dos Vinhedos. O caminho, contornando os morros cobertos pelos parreirais, rende um belo passeio e conduz a diversas vinícolas muito tradicionais, como a Miolo, a Casa Valduga e a Lidio Carraro. Todas são abertas para receber visitantes, que podem aprender com enólogos sobre a produção do vinho, fazer degustações e, claro, comprar garrafas diretamente da fonte a preços bem em conta. O Vale dos Vinhedos tem ótimas opções de hospedagem para quem pretende passar um par de dias na região para descansar na atmosfera rural das fazendas e mergulhar no universo do vinho. É o caso da Pousada Borghetto Sant’Anna e do Pousada Casa Valduga. Outra opção é fazer os passeios organizados que saem de Gramado apenas para passar o dia.

Parrerais da vinícola Miolo, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves – Foto: Tales Azzi

Passear no trem do vinho

O passeio mais alegre da Serra Gaúcha é realizado a bordo de uma velha maria-fumaça que percorre os 20 km entre as cidades de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa. A viagem é uma farra só, com bandas de música a bordo e atores fantasiados de colonos italianos, que puxam cantorias e dançam com os passageiros. Na parada em Garibaldi, todos são convidados a experimentar sucos e vinhos. O clima do passeio é contagiante, dura cerca de duas horas e pode ser combinado com uma volta por Bento Gonçalves. O tour chamado “Uva e Vinho”, que parte de Gramado, inclui a Maria-Fumaça e a visita a Vinícola Aurora.

A maria fumaça que faz um nostálgico passeio entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa – Foto: Tales Azzi
Passeio tem cantigas a bordo e degustações de vinho – Foto: Tales Azzi

Dirigir pelas Rotas Temáticas

Frutos de uma bem montada estrutura turística, a Serra Gaúcha ganhou diversas rotas demarcadas para oferecer aos visitantes passeios temáticos. Cada rota recebeu um nome, identidade própria e caminhos bem sinalizados. Assim surgiu a Rota Romântica, um trajeto de 350 km que passa por 14 municípios com raízes na cultura alemã. Se não puder percorrer tudo, concentre-se no trecho entre Nova Petrópolis e São Francisco de Paula e terá visto o melhor. Já o roteiro Caminhos da Colônia, por sua vez, percorre a zona rural de Caxias do Sul e a história dos imigrantes italianos. Entre as atrações estão a Cantina Tonet, onde os turistas podem participar da colheita da uva; e as Casas Bonet, que serve um alegre almoço italiano em casas erguidas no século 19 pelos primeiros colonos que chegaram da região do Vêneto.

Encantar-se com os cânions de Aparados da Serra

Do outro lado dos morros da Serra Gaúcha, está uma das mais espetaculares atrações do Brasil: os cânions dos parques nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral, um conjunto de fendas enormes no solo, formadas pela ação da natureza há muitos milhões de anos. Os precipícios são bem profundos, alguns chegam a 900 metros de altura. Para conhecê-los é preciso ir até a cidade de Cambará do Sul, a 120km de Gramado, porta de entrada para os parques nacionais. A boa notícia é que não é preciso grande esforço para conhecer os cânions. As trilhas dos parques são leves e planas, contornando as bordas dos paredões. Você deixa o carro, caminha alguns minutos e já de cara com o visual. Em um único dia é possível conhecer os dois principais cânions da região, o Itaimbezinho e o Fortaleza. Quem curte esportes outdoor pode considerar ficar um par de dias hospedado em Cambará do Sul para aproveitar os circuitos de trekkings nos parques e os passeios de mountain bike que levam às belas cachoeiras da região.

Cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra – Foto: Tales Azzi

Por Tales Azzi, texto e fotos