Autor: Raira Ventueri – Fotos: Tales Azzi –
Ela não tem a fama de Fortaleza (CE), as dunas de Natal (RN) ou mesmo a riqueza histórica de Salvador (BA). Mas Maceió pode orgulhar-se de ter as mais belas praias urbanas do Nordeste. E o que melhor confirma esta afirmação é a reação dos recém-chegados. A maioria dos turistas aterrissa na cidade pensando em encontrar apenas uma cena banal de beira de praia, mas, na realidade, tem o privilégio de dar de cara com um marzão tão verde e cintilante que a vontade é balbuciar algo impublicável. De fato, em nenhuma outra capital litorânea o contraste entre o mar e o concreto dos prédios é tão marcante quanto na capital alagoana.
É compreensível, portanto, que a vida do turista em Maceió fique concentrada na beira da praia. E a cidade tem nada menos do que 40 km delas. As principais e mais centrais são Jatiúca, Ponta Verde e Pajuçara, conectadas pela Avenida Otacílio Gomes, que concentra quase todos os hotéis da cidade. Na realidade, a faixa de areia é uma só, sem separação entre uma praia e outra, mas o estilo muda bastante em relação à estrutura e aos frequentadores em cada trecho.
A Praia da Jatiúca, por exemplo, exibe os grandes hotéis, caso do Jatiúca Resort – o primeiro da capital e praticamente o único pé na areia próximo ao centro da cidade – e do Ritz Lagoa da Anta, que conta com boa estrutura de restaurantes e spa. Mas é Ponta Verde o trecho mais bem frequentado e disputado, especialmente no verão. E isso não é à toa: Ponta Verde é uma praia bem agradável, arborizada e com restaurantes-quiosques mais moderninhos.
Alguns dos bares mais badalados da cidade também ficam ali, como o Lopana, que, na realidade, é uma mistura de quiosque de praia, restaurante com ambiente climatizado e barzinho com DJ. Tudo coroado com bem-feitos pratos à base de frutos do mar e muitos sucos naturais, como um especialíssimo refresco de tangerina. Bem ao lado fica o Kanoa, outra barraca-restaurante que lota ao entardecer.
Já a Pajuçara tem a faixa de areia parcialmente ocupada pelas jangadas, que levam a um passeio imperdível, a 2 km da costa, onde estão as famosas piscinas naturais da capital alagoana. Trata-se de uma bancada de corais, que, nas horas em que a maré baixa, emerge e deixa o mar raso, com a água batendo na altura da cintura. As jangadas levam 15 minutos para chegar às piscinas e os turistas podem passar cerca de duas horas ali, nadando, fazendo snorkelling para ver peixes ou mesmo petiscando, já que os jangadeiros levam bebidas e minichurrasqueiras, para preparar queijo coalho e espetinhos em pleno alto-mar.
A Praia da Pajuçara é também um dos mais conhecidos pontos de compras em Maceió, já que ali se realizam as duas grandes feiras de artesanato da cidade. Nelas, os turistas encontram objetos de madeira e cerâmica – como miniaturas de Lampião e Maria Bonita –, camisetas estampadas e bordados com a renda filé, artesanato típico de Alagoas. Se você se interessar pelo trabalho, vale conhecer o Pontal da Barra, que concentra as rendeiras de filé.
Percorrer a orla principal da cidade é uma bela maneira de começar a viagem, já que é bonita o bastante para manter o turista encantado por vários dias. Até porque no começo de 2012, a orla foi reformada e, atualmente, abriga o projeto Pedala Maceió, que aluga bicicletas e triciclos na ciclovia que acompanha todo o calçadão. Por hora, o aluguel da bike custa R$ 8 e, o do triciclo, R$ 12.
As estrelas do Norte alagoano
Além de oferecer praias urbanas bem bonitas, Maceió serve de base para explorar outros trechos do litoral alagoano. Por uma feliz coincidência geográfica, Maceió fica praticamente no meio da costa de Alagoas, e a estrada AL-101, que segue, em sua maior parte, rente à beira-mar, facilita o acesso a incríveis praias que existem tanto no sentido norte quanto ao sul da capital. Nesse caso, a melhor opção é alugar um carro e montar o próprio roteiro. Ou, então, comprar os tours com as agências de turismo locais que fazem bate e volta para algumas das praias mais famosas.
Saindo de Maceió rumo ao litoral norte, vale conhecer a Praia de Ipioca, a apenas 24 km de distância. Tal proximidade, somada à oferta gastronômica da barraca Hibiscus, são motivos suficientes para largar-se por um dia inteiro à boa vida. A barraca oferece redes, espreguiçadeiras e massagistas, que tornam as degustações de frutos do mar – como o típico molusco sururu – ainda mais saborosas.
No norte alagoano, porém, a praia mais famosa é Maragogi, a 140 km de Maceió, já na divisa com Pernambuco. Todos os dias, as agências da capital levam centenas de turistas para lá por um só motivo: conhecer as famosas galés, nome que os locais dão a um enorme conjunto de piscinas naturais que fica a 7 km da costa.
As galés de Maragogi são formadas por uma bancada de corais que se estende em linha reta, feito um paredão no mar, por cerca de 40 km. Na maré baixa, os corais ficam expostos na superfície, represando peixes e outros animais marinhos. O mar é morno e calmo como numa lagoa, e os visitantes podem passar o tempo mergulhando de snorkel ou bebendo cerveja e caipirinha nos catamarãs que seguem todos os dias para lá. Se for por conta própria, consulte a tábua de marés e programe-se para chegar em Maragogi na saída dos barcos.
Tão bom quanto curtir as galés é o próprio caminho até lá. O litoral norte de Alagoas, ainda que pouco conhecido, tem uma sequência de praias belíssimas, muita delas ainda desertas, cercadas por vilarejos de pescadores que ainda mantêm o estilo bem rústico.
Quem não viajou de pacote, e portanto não tem as diárias já pagas num hotel em Maceió, pode considerar a ideia de reservar dois ou três dias para fazer a viagem de Maceió a Maragogi, parando para conhecer alguns desses “segredos” da costa norte alagoana, incluindo as praias de Carro Quebrado, São Miguel dos Milagres e Japaratinga. Para viabilizar o programa, é fundamental estar com um carro alugado, para ter a liberdade de fazer várias paradas onde bem entender.
Mesmo Maragogi rende muito mais do que um simples passeio bate e volta para as galés. É possível fazer mergulho com cilindro nessas piscinas naturais e passeios de bugue pelas praias da região.
Rumo ao litoral sul
Se no litoral norte a tônica são as praias vazias e mar calmo, com piscinas naturais e pacatas vilas de pescadores, no litoral sul o predomínio é de praias bem movimentadas, com ondas bem abusadas, garantindo a presença de surfistas. Neste trecho, as mais conhecidas são as praias do Gunga e do Francês. Oficialmente, elas ficam em Barra de São Miguel, município a 40 km de Maceió.
A mais frequentada é a Praia do Francês. Sempre lotada na alta temporada, não é a melhor opção para quem procura tranquilidade. É um lugar de alta rotatividade, ocupado por castelinhos na areia, banhistas jogando frescobol e se aventurando de banana boat no mar, ambulantes e milhares de cadeiras e guarda-sóis das muitas barracas, que ocupam cada metro quadrado de areia.
Já a Praia do Gunga compete com Maragogi pelo posto de melhor destino turístico de Alagoas. A faixa de areia fica em uma propriedade privada, ocupada por um imenso coqueiral. Além das árvores, o mar tem como vizinhas a Lagoa do Roteiro, na ponta esquerda, e falésias coloridas, na outra extremidade. É possível fazer passeio de bugue rumo às falésias, por cerca de R$ 120 (para quatro pessoas).
Há duas formas de chegar ao Gunga. De carro, cruzando o coqueiral pela área da fazenda, ou de barco, atravessando o rio a partir de Barra de São Miguel. Prefira a segunda opção, que é bem mais divertida e interessante não só pelo visual, mas pela mordomia das frutas servidas a bordo.
No quesito hospedagem, Barra de São Miguel ostenta um dos resorts mais sofisticados do País, o Kenoa Exclusive Beach. Pensado para casais, oferece suítes luxuosas, com decoração inspirada na natureza. Um deleite para quem pode arcar com os R$ 1 mil da diária. Se der, fique ao menos uma noite. Se não, aproveite a visita à região e almoce no estrelado restaurante do resort, o Kaamo.
Entre os encantos ao sul de Maceió ainda estão as lagoas do Mundaú e Manguaba. Da própria ponte que leva à Praia do Francês dá para ver o vaivém dos saveiro.
Esse trecho foi retirado da revista Viaje Mais, seção Nordeste, edição 140.