Na região do Parque Nacional do Caparaó, nas partes mais altas das montanhas capixabas, a cerca de 200 km de Vitória (ES), os rios descem as encostas formando cachoeiras às centenas. Essas águas cristalinas que brotam no alto da serra e atravessam um manto espesso de mata atlântica são as principais atrações de diversos municípios como Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Ibitirama e Alegre.
Nessa última está a Cachoeira da Fumaça, uma queda d’água fenomenal formada pelo encontro do Rio Norte com um penhasco de 144 metros de altura. A cachoeira dá nome à reserva onde está inserida: Parque Estadual da Cachoeira da Fumaça, cujo portão de entrada está a 30 km de Alegre por estrada pavimentada. Nem é preciso caminhar por trilha pois a queda d’água está a menos de 100 metros da portaria. Seguindo a estrada, 3 km adiante, no mesmo rio, está a Cachoeira Linda em uma propriedade particular.
Em Ibitirama, uma cidade de 10 mil habitantes na curva da rodovia ES-190 há 23 cachoeiras abertas à visitação, entre elas, a do Bernado e da Onça, ambas localizadas em propriedades particulares e sem exigir esforço para caminhar por trilhas.
No município, outra dica é conhecer a Toca da Truta, um rancho com pesqueiro e restaurante aberto desde 1998 em uma área bonita aos pés das montanhas a 17 km de Ibitirama. É cercado pela mata nativa e por um riacho com cachoeira. Ao lado dele, está uma área com mesas à sombra das árvores e uma piscina abastecida com água corrente da serra. Dá para nadar, almoçar, relaxar e pescar em dois belos lagos. No restaurante, a truta toma conta do cardápio desde as entradas (como o patê de truta defumada ou a moquequinha de truta com purê de banana da terra) aos pratos principais preparados pelo chef João Felipe Alves. Vale provar a Truta do Lago, grelhada com molho de amêndoas, legumes e purê de batata-doce.
Já o vilarejo de Patrimônio da Penha, um bairro do município de Divino de São Lourenço, carrega uma simpática atmosfera de paz e amor. É cheio de casas coloridas com pinturas psicodélicas nas paredes. Tudo por conta de uma turminha de hippies que chegou por ali nos anos de 1970 e nunca mais foi embora. É o lugar com maior concentração de bicho-grilos e místicos em geral na Serra do Caparaó, além de forasteiros que chegaram depois em busca da vida tranquila nas montanhas, como o casal de ornitólogos Caio Brito e Tatiana Pongiluppi, que organiza passeios para observação de aves. “O Caparaó guarda muitas espécies de aves endêmicas”, diz Tatiana.
Embora conte com apenas 300 moradores, Patrimônio da Penha é o único lugar da região com opção de bares e restaurantes noturnos, como o Ohana, da Teka, o Quintal da Vila, o Portal do Caparaó e o excelente Flores e Sabores da chef Bárbara Rossi (prove o Drinque da Casa, feito com abacaxi, gim e espuma de gengibre).
Ao lado do centrinho, está o acesso à Cachoeira da Vó Tuti, a primeira de uma sequência de sete quedas d’água que está ao longo de um percurso de 2 km pelo Córrego do Veadinho. O rio, que vem do alto da serra, escorrega por diversos degraus rochosos em meio à mata fechada formando dezenas de piscinas naturais, algumas delas com a curiosa sensação de borda infinita. Ali, nada de churrasquinho ou som alto, barulho só mesmo dos pássaros. A primeira delas, a Cachoeira da Vó Tuti conta com restaurante (com comida preparada no forno à lenha).
Dica importante: Para conhecer as cachoeiras de Patrimônio da Penha e da região do Caparaó vale a pena contratar um guia. A Zinea – (27) 99872-1936 – conhece bem a região e pode conduzir aos mais belos pontos da serra capixaba.