Cunha-SP: O que Fazer, Onde Comer, Onde Ficar

Cunha é a porta de entrada para a Serra da Bocaina, na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro. É um destino feito de morros, montanhas e cachoeiras, onde o grande barato é hospedar-se em um confortável chalé com lareira, passear em meio à natureza e comer (muito) bem em restaurantes de qualidade gourmet.

Poucos municípios brasileiros podem se orgulhar tanto de suas belezas naturais quanto Cunha. O município abriga duas importantes reservas ambientais: o Parque Nacional da Serra da Bocaina e o Parque Estadual da Serra do Mar. E além de possuir muitas trilhas para cachoeiras e mirantes, a cidade soube preservar parte de sua história, mantendo o casario colonial que herdou durante o Ciclo do Ouro do século 18. Cunha era ponto de parada dos tropeiros que levavam o precioso metal de Minas Gerais ao porto de Paraty para ser embarcado rumo a Portugal. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi inaugurada em 1731.

Seja qual for a época do ano sempre haverá um bom motivo para ir à Cunha. O verão tem a vantagem dos passeios para as cachoeiras, que ficam bem mais convidativas em dias de calor. Já o inverno, quando a brisa fria da serra obriga aos casacos pesados e uma taça de vinho ao pé da lareira, é perfeito para namorar, relaxar e desacelerar a mente e o espírito.

Foi justamente essa tranquilidade das montanhas que atraiu forasteiros em busca de qualidade de vida. Muitos moradores de Cunha abandonaram bons empregos em São Paulo ou no Rio de Janeiro para viver ali. Trocaram as vestes de profissionais liberais pelas de chefs de cozinha ou donos de pousada, fazendo evoluir o turismo da cidade. Hoje, Cunha tem pousadas confortáveis e uma variedade de restaurantes de cardápio gourmet que impressionam para uma cidade pequena, com apenas 22 mil habitantes. Com a vantagem extra dos preços bem mais em conta se comparado aos de Campos do Jordão ou outros destinos de serra mais famosos. Se você nunca foi a Cunha, saiba que já passou da hora de conhecer.

O que fazer em Cunha

Visitar os ateliês de cerâmica

Cunha é conhecida como a Cidade da Cerâmica. A tradição nessa arte começou na década de 1970 quando os primeiros imigrantes japoneses começaram a chegar à região. Eles trouxeram a técnica ceramista japonesa milenar conhecida como Noborigama, realizada em fornos a lenha de alta temperatura construídos em tijolo refratário e barro. Nesse tipo de forno, as peças passam entre 20 e 36 horas nas câmaras sob uma temperatura de 1.400 oC até atingir a vitrificação, ou seja, o aspecto brilhante e resistente.

Com o passar dos anos, o conhecimento da cerâmica Noborigama e habilidades dos pioneiros de olhinhos puxados foram passados para os aprendizes locais. Muitos deles abriram seus próprios ateliês e também se tornaram mestres ceramistas, dominando os segredos da argila, a modelagem, a esmaltação e a queima. E assim Cunha se tornou referência nacional nesse tipo de arte. Boa parte dos fornos Noborigama existentes hoje no Brasil estão nos ateliês da cidade. É o caso do Suenaga & Jardineiro, ateliê do casal Kimiko Suenaga e Alberto Jardineiro, um dos mais tradicionais de Cunha. Ele brasileiro, ela japonesa de Tóquio, chegaram à região em 1984 onde abriram o ateliê no ano seguinte. As peças produzidas pelo casal têm alta qualidade de acabamento, com esmaltação com pó de casca de arroz e pinceladas coloridas. As peças podem ser utilitárias (pratos, xícaras, vasos e utensílios domésticos) ou decorativas (na forma de esculturas que são verdadeiras obras de arte). O ateliê é aberto à visitação e as peças ficam expostas ao lado do forno.

No mesmo bairro está o Aldea. O ateliê fica no fundo da propriedade do artesão Alberto Vasquez, que compartilha o espaço com outros jovens ceramistas locais. A sala de exposição tem peças utilitárias, incluindo belas canecas (em torno de R$ 60) e pratos (entre R$ 60 e R$ 100). Entre as decorativas, destaque para as luminárias, máscaras e fontes para mesa e jardim. Realizar um jantar usando as cerâmicas de Cunha é garantia de impressionar os amigos e parentes.

Encantar-se com o Lavandário

O Lavandário é a atração turística mais visitada de Cunha. É compreensível. O campo de lavandas no alto de um morro é mesmo lindíssimo. Faz lembrar as paisagens da Provence, na França. E isso não é mera coincidência. A proprietária e criadora do atrativo, Fernanda Freire, inspirou-se nos cenários franceses para reproduzir o mesmo colorido das flores arroxeadas na serra de Cunha. As plantações começaram em 2012. Fernanda passou dois anos cultivando e estudando tudo o que podia sobre a planta de lavanda. Dois anos depois, o Lavandário estava inaugurado, com acesso a partir do km 54,7 da Rodovia Paraty-Cunha. O resultado ficou espetacular e o colorido das flores casou bem com vista das montanhas da Serra da Bocaina, já que o morro a 1.200 metros acima do nível do mar oferece uma vista de 180o para a serra. Uma primeira reportagem exibida na TV Globo do Vale Paraíba em 2014 ajudou a trazer os primeiros turistas. A partir daí, os visitantes não pararam mais de chegar.

Atualmente, não é possível mais caminhar entre as plantas, tal como se fazia nos primeiros anos de funcionamento do Lavandário. Os visitantes circulam por passarelas de madeira que contornam os campos floridos e terminam em um deque de madeira que funciona como um mirante. Tente estar ali no fim da tarde para assistir ao mais belo pôr do sol de Cunha.

No ponto mais alto da propriedade funciona uma cafeteria e uma loja que vende produtos à base de óleos essenciais de lavanda, alecrim, manjericão, verbena e gerânio. Entre os cosméticos, há velas, sabonetes, cremes faciais, colônias… A novidade é o enxague bucal com lavanda. Na parte de cima da loja, estão os produtos de decoração que trazem a lavanda como tema: almofadas, toalhas de mesa, lençóis… Para culinária, há temperos com as ervas, azeite aromatizado com lavanda e mel de lavanda. No total, são mais de 150 produtos à venda na loja.

Já na cafeteria é servido, além de espressos, sorvetes artesanais. Adivinha qual o sabor mais vendido? Se falou “lavanda” acertou. O sabor é picante e o cheiro lembra o da flor. Se é gostoso? Prove e tire suas próprias conclusões. E se gostar de experiências gastronômicas, peça para provar também o sorvete de verbena e o de alecrim. Em 2019, foi inaugurado uma casa de massagens no local, que abre aos fins de semana. No espaço, são oferecidas massagens para o corpo, o rosto, as mãos e os pés usando óleo essencial de lavanda. A massagem de 45 minutos para o corpo custa R$ 120.

Contemplar o visual da Pedra da Macela

O pico da Pedra da Macela, a 1.840 metros de altitude, na área do Parque Nacional da Serra da Bocaina, é um dos mais lindos mirantes naturais do Brasil. Dali se vê as escarpas das montanhas da serra, em dia de céu limpo, o mar e as baías de Paraty e de Angra dos Reis.

Para chegar até lá são 26 km desde o centro de Cunha, ou 40 minutos de carro. Os últimos 2 km são em estrada de terra. Qualquer carro de passeio chega, mas vá devagar porque o caminho tem muitas pedras. O carro fica estacionado ao lado da guarita de entrada do Parque Nacional. Dali são mais 2 km de caminhada em subida bem íngreme pela trilha (que é a continuação da estrada). Leva entre 40 minutos e 1h30 a pé, conforme o preparo físico do visitante. Muita gente pula cedo da cama e vai à Pedra da Macela para assistir ao nascer do sol. Vale o esforço. O único problema é que o clima imprevisível nessa parte mais alta da serra. Com frequência, o tempo fecha e a vista fica encoberta pelas nuvens. Acontece por conta dos ventos úmidos do litoral que se condensam ao esbarrar nas escarpas frias da serra. Esse fenômeno é mais comum no verão. Prefira ir no período de inverno.

Conhecer as cachoeiras

No alto das montanhas da região de Cunha há uma infinidade de nascentes que escorrem pelas encostas formando cachoeiras às centenas. Algumas são bem fáceis de visitar, com acesso de carro. É o caso da Cachoeira do Pimenta e a do Desterro, ambas localizadas a 10 km do centro de Cunha por estradas de terra. No restaurante Canto das Cachoeiras, a 12 km da cidade (os últimos 2 km em estrada de terra) há outras quatro pequenas quedas d’água na propriedade, onde você pode relaxar e ainda aproveitar as comidas saborosas do bistrô.

As cachoeiras mais bem preservadas, com águas límpidas e cercadas por espessa mata atlântica nativa, estão na área do Parque Estadual da Serra do Mar (núcleo Cunha), cuja entrada fica a 30 km do centro de Cunha (1 hora de carro). Mas para conhecê-las é preciso encarar as caminhadas por trilhas. A Trilha das Cachoeiras, por exemplo, passa por duas sequências de quedas d’água, a do Cachoeirão e a do Ipiranguinha. São 14 km de percurso ida e volta, que só pode ser feito com acompanhamento de guia.

Passear em Paraty

Cunha fica a apenas 46 km de Paraty. Ambas surgiram durante o Ciclo do Ouro no século 18. Cunha era parada dos tropeiros que levavam o ouro de Minas Gerais aos portos de Paraty. São portanto cidades-irmãs. Mas irmãos, como se sabe, nem sempre se parecem, seja na aparência ou na personalidade. Enquanto Cunha é dos morros, chalés e lareiras. Paraty é das praias e dos passeios de escuna. São dois universos completamente diferentes, mas que podem ser unidos em uma mesma viagem. Basta uma hora de carro serpenteando pelas curvas da Serra do Mar. Se fizer isso, vai poder mergulhar nos prazeres do mar e da montanha quase ao mesmo tempo. Em um dia é perfeitamente possível curtir uma praia, fazer um passeio de escuna e caminhar pelas ruas do centro histórico de Paraty para retornar à Cunha no final do dia.

Onde Comer em Cunha

Comer bem é parte importante de qualquer viagem a Cunha. A cidade impressiona pela variedade de bons restaurantes e pequenos bistrôs de cardápios gourmet. Muitos deles estão localizados na zona rural em meio ao verde da serra, o que torna as refeições ainda mais prazerosas. Os pratos são servidos em belas cerâmicas produzidas nos ateliês da cidade. E nos cardápios, as receitas priorizam os ingredientes frescos e orgânicos produzidos na região, como a truta, o cordeiro, os queijos artesanais, os cogumelos e o pinhão. Veja algumas sugestões de restaurantes.

Il Pumo

“A burrata italiana é um show!”, já avisa o garçom. E é a mais pura verdade. Macio, suculento e saboroso, o queijo é preparado pelo chef Vito Consoli, um legítimo italiano que veio morar em Cunha há cerca de sete anos. “É uma receita de família de muitas gerações, que não leva fermento”, explica o chef. É dele também as receitas de massas caseiras e risotos de deixar saudades. Vito é da região de Puglia, no litoral sul da Itália, onde formou-se em gastronomia e aprendeu as técnicas da culinária mediterrânea para elaborar pratos como o San Giovani (R$ 48), um penne com tomates orgânicos, aliche, azeitonas pretas, alho, salsinha e parmesão.

O cardápio do Il Pumo, porém, não traz apenas as especialidades da Itália. O chef Vito Consoli também utiliza os produtos típicos de Cunha para elaborar outros pratos, criando assim uma deliciosa fusão gastronômica. Daí o tagliatelle com shitake e shimeji orgânicos com linguiça artesanal, temperado com alho, salsinha, parmesão e azeite trufado (R$ 48).

Os ingredientes locais também dão origem a sobremesas, como o alfajor de pinhão com ganache de chocolate e morango com chantilly; e até drinques criativos, como whisky sour, que leva uísque, licor de pinhão e limão. O chef também fabrica seu próprio licor limoncello (com limões importados da Itália), que usa para preparar um mojito diferente: rum, hortelã e um shot do licor. Outra invenção é o drinque Don Vito, com gim, espumante demi-sec, limão, açúcar, hortelã e pimenta-rosa.

O Il Pumo fica um casarão no centro histórico de Cunha. O ambiente do lugar é outro diferencial pois, na parte da frente do salão, funciona um antiquário. As peças da loja servem como decoração inusitada do restaurante. As mesas espalham-se entre o salão principal e uma área avarandada aos fundos.

Do Gnomo

O mais famoso restaurante de Cunha fica instalado em um sítio a 2 km da entrada da cidade. O nome faz todo sentido porque o chef Caio Ribeiro é o próprio “gnomo”. Vestido de vermelho e chapéu pontiagudo, parece saído de um conto de fadas. As receitas do cardápio se valem dos ingredientes locais: cordeiro, truta, queijos, pinhão… Mas nada é básico ou trivial. O chef “Gnomo” coloca sempre um toque criativo em tudo o que prepara. É o caso da truta à moda do gnomo, um filé do peixe frito e enrolado na mozzarela de búfala, temperado com orégano (R$ 79). Para entrada, nada é mais típico do que a porção de pinhão tostado na manteiga e salpicado de parmesão derretido (R$ 26) ou o ragu de cogumelos shitake e shimeji (R$ 38).

Entre as novidades do cardápio estão o frango defumado no queijo coalho com creme de beterraba agridoce acompanhado de mini arroz preto ao vinho branco (R$ 65). Ou então do joelho de porco defumado e frito por imersão acompanhado de creme agridoce de cambuci (fruta local) salpicado com nibs de chocolate e arroz vermelho (R$ 148 para duas pessoas).

Além da qualidade da comida, o restaurante agrada pelo ambiente, com mesas espalhadas entre um avarandado da casa e um gramadão cercado pelo verde da mata. O atendimento é outro diferencial porque o chef, além do talento na cozinha, é um restauranter atencioso com os clientes e sempre aberto a dois de prosa.

O Olival

Aberto em abril de 2019, a 13 km do centro da cidade, O Olival está instalado em um casarão envidraçado com estrutura de toras de eucalipto e dá vista para uma plantação de oliveiras. O restaurante fabrica o próprio azeite, que é usado como ingrediente em diversos pratos, até na sobremesa, caso da mousse de chocolate com nibs de cacau e azeite. O ideal é fazer reserva pois há poucas mesas no salão. No período de pandemia, a capacidade máxima é para apenas 18 pessoas por vez.

O cardápio, elaborado pelo chef Jajá Faraildes, muda todos os dias para valorizar os ingredientes frescos e naturais produzidos da região de Cunha; a cozinha não usa nada industrializado para elaborar os pratos. A refeição ali acontece sempre em 4 etapas a um preço bastante honesto: R$ 67 por pessoa. Começa com um couvert de torradinhas com azeite temperado com sal grosso e pimenta-rosa.

Para entrada, entre as opções, há caldinho de feijão com farofinha de pinhão ou profiterólis recheado com mozzarella de búfalo ao molho pesto. Entre os pratos principais, fazem sucesso as massas caseiras (com molho de ragu é uma delícia). E sempre há uma opção vegetariana, que pode ser o espaguete de abobrinha.

Entre as bebidas, o mais original é o Fizz, um drinque com suco de fruta, água com gás, ervas (hortelã, hibisco ou capim santo) e cachaça. Já o café é servido com bulê de água quente e minifiltro para que o próprio cliente finalize o preparo à mesa.

Veríssima

Um bistrõ charmoso, de ambiente intimista, com luz suave e decoração singela. Para um jantar a dois com atmosfera romântica é o endereço mais indicado. A proprietária do estabelecimento é a Vera (daí o nome do restaurante), cozinheira de talento, ela aprendeu com a mãe austríaca alguns segredos da boa cozinha.

O cardápio varia conforme a estação do ano, já que a prioridade da casa é usar apenas os ingredientes mais frescos possíveis. Mas alguns pratos permanecem, como o filé mignon empanado e recheado com queijo brie acompanhado de batata rosti. Ou então o cordeiro assado, que passa duas horas e meia ao fogo brando para ganhar maciez e vai servido fatiado com molho de vinho, alecrim e tomilho. Acompanha polenta mole. Vale provar a cestinha de massa folhada com cogumelos (shitake, shimeji e paris) gratinados.

Para a sobremesa, a sugestão é o cheesecake com cobertura de amoras e framboesas silvestres. Entre os drinques, a curiosidade recai no Capivanda, uma invenção da Vera: uma caipirinha diferente, que ganha sementes de lavanda, curaçao blue, limão e gelo.

Canto das Cachoeiras

É um bistrô à beira de um riacho, cercado por muito verde e com quatro cachoeiras na propriedade. O acesso é pela mesma estrada que leva para a entrada do Parque Estadual da Serra do Mar. O restaurante tem as mesas ao ar livre sobre um deque de madeira elevado e voltado para uma floresta de pinheiros e araucárias. É um lugar muito agradável para degustar uma caneca de chope artesanal Lau’s, produzido em uma cervejaria de Cunha. O cardápio é enxuto, mas tudo delicioso e preparado com produtos frescos. Peça de entrada o Canto1 (R$ 30), que traz de tudo um pouco: burrata, caponata (feita de berinjela), pimentão-vermelho em conserva e tomate orgânico com molho pesto. Entre os pratos principais há opção de risoto de shitake (R$ 45) e a truta assada com purê de inhame e legumes grelhados (R$ 45).

Para conhecer as cachoeiras da propriedade nem é preciso caminhar muito. Um conjunto de trilhas curtas e pontezinhas de madeira levam à quatro quedas d´água e dois mirantes. Em uma delas, há um gramadão à margem do rio com mesas, bancos e o quiosque que serve café expresso, chope artesanal e sanduíches, como o de picanha defumada com maionese caseiro, relish de pepino no pão ciabata (R30). Paga-se R$ 15 por pessoa para entrar e curtir à vontade as cachoeiras pelo tempo que desejar.

Bar Reale

O casarão do centro histórico onde funciona o restaurante Il Pumo é compartilhado com o Bar da Cervejaria Reale, que traz, no cardápio, pratos alemães: linguiças artesanais, salsichas, kassler… Peça o Eisbein fatiado com a mostarda caseira e não irá se arrepender. Para acompanhar há 22 opções de cervejas artesanais (loiras, ruivas e morenas). Uma delas é a Old Ale Pinhão. O fruto da araucária entra na preparação da bebida e acrescenta os taninos ao sabor cítrico e terroso.

Ou então peça o hidromel, o destilado à base de fermentação de mel, ali servido apenas com gelo. Se provar vai querer levar uma garrafa para casa (custa apenas R$ 40).

Frutos da Serra

A estrada de terra com acesso no Km 50,5 da Rodovia Paraty-Cunha leva a uma casa avarandada erguida no alto de um morro, onde funciona um singelo bistrô com vista para as montanhas da serra. A especialidade da casa é o shitake, produzido ali mesmo na propriedade. Quase tudo no cardápio leva o cogumelo. Tem bruschetta de shitake, lasanha de shitake, pastel de shitake… Tem até coxinha de shitake (R$ 43 a porção com 8 unidades). As mesas ficam sobre um deque panorâmico e o espaço conta com redário. O restaurante é pet friendly.

Café Moara

É uma cafeteria bem charmosa no Km 57,5 da Rodovia Paraty-Cunha. É comandada pelo barista Tiago Augusto, responsável pela qualidade dos espressos, coados e machiattos ali preparados com rigor em cada detalhe (como, por exemplo, limpar com pincel as borras dos cachimbos da máquina a cada nova preparação). Os grãos usados na casa são do Café Santa Rosa, de Soledade de Minas-MG. Prove o expresso italiano com gotas de chocolate (R$ 13). O cardápio também traz chocolates quentes e chás variados. Para comer, a casa oferece omeletes, tortas e pães de queijo recheados. Uma das opções é com recheio de linguiça caseira e molho de tomate (R$ 14). As mesas ficam ao fundo da loja, ao ar livre, sobre um gramadão com vista para a mata atlântica. O lugar é muito mais do que uma simples parada de beira de estrada, é um lugar para relaxar e saborear um bom café.

Fazenda Aracatu

É uma linda loja de produtos gastronômicos de Cunha. Está no Km 56 da Rodovia Paraty-Cunha. A decoração, o chão de tábuas corridas e o fogão a lenha sempre aceso dá ao lugar uma atmosfera de velha fazenda. E faz sentido porque a loja é parte de uma propriedade rural que fabrica queijos, pães, linguiças artesanais, entre os outros produtos. É impossível entrar ali sem comprar alguma coisa. E para aumentar a tentação a casa oferece degustações cortesias, como a do queijo Bousin, preparado com leite de vaca da raça jersey. O queijo é uma porção de bolinhas cremosas mergulhadas em azeite com pimenta-rosa (custa R$ 25 o pote com 300g). A especialidade é a torta de pinhão salgada (R$ 10 a fatia). Do fogão a lenha sai caldinho de feijão (R$ 15) e pão integral de pinhão. Tem embutidos variados, carnes defumadas e queijos de todos os tipos. Prove o sorvete de Cambuci, uma frutinha típica da região de Cunha. A loja Aracatu é uma espécie de vitrine das muitas delícias produzidas pelas fazendas da região de Cunha.

Santa Fumaça

Não é um restaurante, é uma fábrica artesanal de carnes defumadas criada pelo casal de ex-enfermeiros Juliana Schulz e José dos Santos. Os dois abandonaram a vida corrida em São Paulo e abriram uma produção de carnes defumadas em Cunha: bacon, lombo, peito de frango, costela de porco, joelho de porco, picanha… Tudo é produzido da forma mais artesanal possível, em defumador de 72oC. As carnes são muito saborosas, com tempero de ervas, pouco sal e nenhum aditivo químico. Você pode provar a carne defumada do Santa Fumaça no Restaurante do Gnomo ou comprar no Armazém 72, no centro da cidade.

Onde Ficar: a Pousada Candeias

A estrada é emoldurada por enormes pinheiros e araucárias centenárias. Formam uma alameda verde exuberante que sobe o morro e dá acesso a uma das melhores pousadas de Cunha. Instalada em um local cheio de verde, a 14 km do centro da cidade, a Pousada Candeias oferece 10 chalés independentes com paredes de tijolinhos, piso de cimento queimado e ótimo conforto: duchas com aquecimento a gás, lareiras e varandas. A decoração tem peças de cerâmica de Cunha, luminárias de palhinha e quadro com paisagens da serra.

A pousada conta com dez chalés com quarto, sala e varanda
Os chalés são independentes e cercados de verde, com vista para a mata ou a serra

São três categorias de habitações, que ganharam nome de árvores brasileiras e se diferenciam pelo tamanho e pela decoração. As maiores, Superior e Master, têm mais espaço interno e grandes deques com rede e cadeirões. Estão localizadas na parte mais alta da propriedade, de onde se tem vistas desimpedidas para as montanhas. Os chalés Jequitibá e Jatobá ainda tem uma grande janela no box do banheiro para que o verde da mata e o horizonte da serra estejam sempre à vista. Já o chalé Angelim ficou mais romântico com os cachos das flores brancas de Primavera penduradas sobre o deque externo. Todos os chalés são equipados com Wi-fi, TV de bom tamanho e aparelho de DVD. Na sala de estar da pousada há uma DVDteca com cerca de 600 filmes.

No centro da propriedade, em uma área aberta, onde bate sol boa parte do dia fica a piscina. Ao lado dela, há uma casa envidraçada com a sauna e banheira de hidromassagem para até 4 pessoas (esta última temporariamente fechada por conta da pandemia). É um espaço para relaxar. Já o restaurante serve caldos e massas caseiras em belos pratos de cerâmicas de Cunha (sempre solicitados com antecedência).

Outro diferencial é atendimento da Pousada Candeias. Os proprietários, o casal Antônio e Kika Turci, dois paulistanos que se mudaram para Cunha há 18 invernos, moram na propriedade e estão sempre atentos para que a experiência dos hóspedes seja a mais agradável possível. Isso inclui a manutenção constante dos jardins; o preparo cuidadoso do café da manhã com bolos e pães de queijo caseiros, além das boas conversas e muitas dicas para quem quiser saber sobre restaurantes e conhecer os principais pontos turísticos da região.

Diárias a partir de R$ 490, mínimo de dois pernoites.

Mais informações: www.pousadacandeias.com.br

Por Tales Azzi, texto e fotos