The Blackfriar:
Se você não lembra mais daquela aula de história que explicava a origem do anglicanismo, não se preocupe. Com a ajuda de Viaje Mais, tudo virá à tona quando você beber uma pint nesse bar, um dos melhores pubs de Londres. Foi ali, no início do século 16, quando o local ainda funcionava como parte de um convento à beira do Rio Tâmisa, que o então rei da Inglaterra, Henrique VIII, pediu permissão à Igreja católica para se separar da mulher, Catarina de Aragão. Como levou um sonoro não, o monarca, que estava apaixonado por Ana Bolena, rompeu com o papa e fundou o anglicanismo, atual religião oficial inglesa, além de casar-se com a amada.
Hoje, o The Blackfriar é um pub de esquina com interior dourado durante o dia, graças à luz natural irradiada através dos grandes vitrais amarelos. Nas paredes revestidas de madeira, há imagens de monges esculpidas, que fazem lembrar a origem do lugar, transformado em bar em 1875.
Ao fundo do pub, há uma sala de jantar pomposa. No centro do salão, mesas pequenas estão distribuídas em frente ao balcão, que serve grande variedade de cervejas. Há desde largers alemãs e ales norte-americanas até marcas escocesas e irlandesas, além das
inglesas, claro. Vive lotado no happy hour.
Endereço: 174 Queen Victoria Street
Metrô: Blackfriars
Cittie of Yorke:
Ao entrar nesse pub, parece mais que você vai encontrar um padre do que uma cerveja. É que o amplo salão principal tem, de um lado, um enorme balcão e, do outro, cabines de madeira que se parecem com confessionários de igreja. E olha que ali já se deve ter falado muito sobre pecados, já que o bar fica numa área repleta de escritórios e escolas de direito.
Por isso, é bastante frequentado por advogados e seus clientes. Do horário do happy hour em diante, a casa vive cheia de jovens e favorece o clima de paquera, principalmente no salão com tapetes e poltronas aconchegantes e no bar de vinhos, no subterrâneo.
No cardápio, destacam-se as cervejas Samuel Smith’s, boa parte delas do tipo ale. Só não abuse das tentações alcoólicas, pois é preciso respeitar o pub. Afinal, ele é bem mais velho do que você: datado de 1430, foi reformado em 1920, mantendo a decoração clássica em estilo Tudor.
Endereço: 22 High Holborn, Holborn
Metrô: Chancery Lane
The White Hart:
Uma placa na entrada indica: eis o pub mais antigo de Londres, com alvará de funcionamento datado de 1216. Há quem diga que existem casas do gênero mais antigas na cidade, mas, com tal alvará, não tem para nenhum outro lugar: o título é do The White Hart.
Curiosamente, do lado de dentro o pub tem estilo moderninho, pois foi reformado em 2003. Nada a ver com o ambiente da época em que, reza a lenda, era frequentado por condenados à morte que iam até lá tomar o último gole antes de “partir”. Atualmente, tem um salão amplo e iluminado, com um bar que separa a área das mesas de um pequeno lounge com sofás, bom para namorar – ou tentar fisgar alguém.
Entre os pratos servidos estão o clássico fish and chips (peixe com batatas fritas) e nachos. Embora sirva cervejas realmente geladas, ao gosto do brasileiro, tem poucas variedades, com destaque para a James’ Brown, uma ale bastante cremosa, e a tradicional stout Guinness.
Endereço: 191 Drury Lane, Covent Garden
Metrô: Holborn
The Old Bank of England:
Está aí um dos pubs mais bonitos de Londres – e também um dos mais escondidos. Se você não olhar com atenção para o emblema da cervejaria Fuller’s, pendurada na fachada, vai achar que está passando por um banco. Até porque ele ocupa as dependências de um prédio de 1888 onde funcionava parte do tradicional Banco da Inglaterra, cujos porões, durante a Segunda Guerra Mundial, abrigaram as joias da Coroa britânica.
Antes disso, em meados do século 18, contam que havia uma barbearia e uma loja de tortas no local. O barbeiro, apelidado de Sweeney Todd, seria serial killer e cortava o pescoço de seus clientes com uma navalha, levando seus corpos, por um túnel, à loja vizinha, onde sua amante servia tortas de carne… humana. Em 1995, o cineasta Tim Burton contou essa história num musical estrelado por Johnny Depp, o qual foi transformado em filme em 2007.
Hoje, o The Old Bank of England, que não é bobo nem nada, tem como carro-chefe no cardápio, veja só, tortas. Tem de peixe, queijo e cogumelo com carne
– de ótima procedência, garantem os atendentes. Com pé-direito alto, lustres de cobre, colunas e paredes vermelhas, o pub é realmente uma beleza. Frequentado por um público mais maduro, serve as ótimas cervejas da Fuller’s, como a London Pride e a ESB.
Endereço: 194 Fleet St., City of London
Metrô: Temple
Lamb & Flag:
Ele fica meio escondido, discreto, mas basta atravessar um beco, dobrar uma esquina e pronto: lá está o Lamb & Flag, numa quebradinha impressionantemente sempre lotada de gente do lado de fora e também no interior. O pub faz todo esse sucesso por ser o mais antigo de Convent Garden, um dos bairros mais cool de Londres: o alvará de funcionamento da casa é de 1623.
No predinho de três andares, todos os ambientes são compactos e parecem ficar ainda menores diante da quantidade de londrinos que, todos os dias, batem cartão no happy hour e por lá ficam até o fechamento. Por isso, sentar em uma mesa é quase impossível. Melhor ir direto para o balcão e se apertar para pegar uma London Pride, uma EDS ou uma Bombardier, algumas das cervejas à venda.
Dali, é possível admirar o público mais maduro que frequenta a casa. No ambiente típico de pub, à meia-luz, dá até para avistar algumas figuras emblemáticas da terra da rainha, como um senhor de bengala, boina xadrez e sobretudo
– mesmo com o calorão que faz lá dentro por conta da aglutinação de pessoas –, o qual fica no bar bebericando tranquilamente seu copo de uísque no meio da galera.
Endereço: 33 Rose Street, Covent Garden
Metrô: Covent Garden
The Freemasons Arms:
Em 26 de outubro de 1863, 11 representantes de times ingleses se reuniram num pub chamado Freemasons Tavern, na Great Queen Street, para, entre goles de cerveja e uísque, oficializar as regras de um esporte que ganhava fôlego, mas ainda era pouco praticado. Naquele dia, surgia a FA (The Football Association), primeira federação dedicada ao futebol.
Pouco mais de 150 anos depois, o bar onde a modalidade mais popular do planeta começou a ser regulamentada ainda existe. Ele se mudou para a vizinha Long Acre, rua a 160 metros da taberna original, e foi rebatizado como The Freemasons Arms, mas segue como um templo dos amantes do futebol. Basta passar lá em dia de jogo para ver as mesas lotadas de torcedores diante das seis TVs espalhadas no salão.
No bar, porém, há poucas referências à noite histórica de 1863, com exceção de um pequeno papel pendurado ao lado da porta principal dizendo que, ali (ou perto dali), foi criada a FA. Além disso, um brasão da federação, uma espécie de chuteira e uma bola antiga fazem parte da decoração. O jeito é deixar a história de lado e saborear pratos que vão do fish and chips a especialidades vegetarianas. Para acompanhar, há uma boa variedade de cervejas, como a saborosa Spitfire Ale.
E uma dica: quando sair um gol do time para o qual está torcendo, segure-se para não sair abraçando desconhecidos. Os ingleses são mais contidos na comemoração. Então, só bata palmas ou faça um brinde.
Endereço: 81/82 Long Acre, Covent Garden
Metrô: Covent Garden
Princess Louise:
Patrimônio histórico de Londres, o Princess Louise é outro dos pubs lindões da capital inglesa. Foi construído em 1872, reformado em 1891 e restaurado em 2007, mas nunca perdeu seu ar clássico e vitoriano. Escadas, móveis de madeira, prateleiras com relógios no topo, lustres imponentes, poltronas de couro, paredes vermelhas, espelhos com detalhes dourados, azulejos, vitrais, revestimento de mármore nos banheiros… Tudo isso garante charme e uma atmosfera elegante ao ambiente, que já ganhou inúmeros prêmios de design.
Já a estrutura da casa é um tanto inusitada. Há duas portas que levam a um bar central e, a partir daí, uma série de entradas e saídas, divididas por biombos, cria pequenos ambientes para quem busca privacidade. No meio desse labirinto alcança-se o balcão, onde se pode provar cervejas da Samuel Smith’s, algumas com a fórmula remontando ao século 18.
O pub é bastante frequentado por jovens durante a noite e, talvez por ser tão bonito, tem luz ambiente mais clara do que a média. É um bom lugar para se divertir e se dar bem em Londres. Mas não com
as atendentes, ques não são lá muito simpáticas.
Endereço: 208 High Holborn, Covent Garden
Metrô: Holborn
The Hawley Arms:
Esse era o bar preferido da cantora Amy Winehouse. Situado debaixo da Camden Lock, ponte símbolo de Camden Town, o bairro mais hipster de Londres, o pub The Hawley Arms tem tudo para agradar: os atendentes são simpáticos, o ambiente é ótimo, com mesas grandes de madeira e poltronas em torno do bar e de uma lareira, e o som é excelente.
Apesar da predileção de Amy pelo lugar, há poucas referências a ela, como uma foto autografada e uma capa de disco. Nas paredes e na porta dos banheiros, porém, não faltam mensagens de fãs. É impossível mesmo não imaginar Amy aprontando por ali. Segundo os atendentes, que a adoravam, ela estava sempre bêbada. Enquanto ouve as histórias, tome uma Fireside. Só não passe do ponto para não precisar de rehab.
Endereço: 2 Castlehaven Road
Metrô: Camden Town
Ye Olde Cheshire Cheese:
Por ser minúsculo – são apenas duas mesas iluminadas por velas e um pequeno balcão – e ostentar um ar soturno, entremeado por uma lareira e um quadro com um retrato à la Rembrandt, demora-se um pouco para entender por que o lugar é apontado pelo VisitBritain, o órgão oficial do turismo britânico, como o melhor pub de Londres. Aos poucos, porém, descobrem-se os segredos do bar, como o labirinto que leva a um salão bem mais amplo, onde são servidos pratos suculentos à base de carnes, além de vinhos e cervejas de alto nível, como a Samuel Smith’s Old Brewery Bitter, que é tirada geladinha e espumante. Os banheiros, com pouco mais de 1,80 metro de altura, deixam claro o quanto o pub é antigo: tendo como base uma adega do século 12, foi aberto em 1538 e refeito em 1667.
Expoentes da literatura inglesa, como Mark Twain e Arthur Conan Doyle, eram clientes regulares da casa. O mesmo pode ser dito de Charles Dickens, que até menciona o Ye Olde Cheshire Cheese no romance Um Conto de Duas Cidades.
Endereço: 145 Fleet St, City of London
Metrô: Temple
Ten Bells:
Os frequentadores ficam mais na calçada do que no salão interno. Talvez porque duas vítimas do lendário serial killer Jack, o Estripador, cujos crimes nunca foram solucionados pela polícia londrina, teriam sido vistas pela última vez justamente ali, à beira do balcão. Ou porque todo mundo é influenciado por essa história e acaba sentindo o clima indoor do Ten Bells um bocado sinistro.
Os enormes quadros antigos pendurados, os sofás clássicos, as mesas pequenas e as paredes ao fundo, cujos azulejos azuis e brancos envolvem o bar central, contribuem bastante para criar a atmosfera carregada da casa. Mas, ali dentro, o que se vê mesmo são pessoas pacatas e mais maduras, casais e um ou outro turista seguindo os rastros do assassino mais famoso de Londres, sempre movido pela curiosidade.
Nos dias mais quentes, os londrinos que frequentam o lugar permanecem do lado de fora e só entram no pub para pegar uma cerveja e sair de novo. O cardápio é farto de largers (mais parecidas com as cervejas brasileiras), como Heineken, Amstel, 1664 e Foster’s. E ninguém arreda pé de lá mesmo durante a noite, quando a igreja vizinha fica escura e transmite um ar ainda mais sombrio à região.
Endereço: 84 Commercial St., East End
Metrô: Aldgate East