Por: Natália Manczyk
Sua Praia Central, que é tomada de grandes prédios ao longo da orla, costuma lotar de gente durante o verão, e mal sobra espaço na areia entre um guarda-sol e outro. No entanto, a cidade, que ferve dia e noite nos meses mais quentes do ano, e até ganhou fama internacional graças a danceteria Green Valley, considerada uma das melhores baladas do mundo segundo revistas especializadas, ainda reserva praias pouco urbanizadas, escondidas entre montanhas cobertas por mata atlântica. E o melhor de tudo: nem é preciso ir muito longe do burburinho da Praia Central para encontrar esses belos refúgios à beira-mar.
A praia do centro é dividida entre Barra Sul e Barra Norte. A só 5 minutos da Barra Norte está uma faixa de areia quase intocada, à frente de muito verde, sem barracas de comida nem edifícios. Ganhou até um bonito apelido: Praia dos Amores. É nela que está o Infinity Blue Resort, o melhor hotel da região. Para os hóspedes, há espreguiçadeiras na areia ou no deque, onde os turistas tomam um drinque assistindo às ondas no mar. Seguindo até a ponta da Praia dos Amores uma escada leva ao Morro do Careca, cujo topo se transformou em um mirante indispensável, endereço dos casais apaixonados que vão admirar o visual e dos aventureiros que saltam dali de parapente. Ainda é preciso enfrentar cerca de vinte minutos de caminhada até o cume, por um caminho asfaltado, onde muitos moradores vão de shorts e tênis só pelo prazer do exercício. Quem não quiser caminhar pode ir até lá de carro seguindo pela Estrada da Rainha. No topo do morro, a vista é a melhor da região, com as praias Central e dos Amores de um lado, e a Praia Brava, na vizinha cidade de Itajaí, do outro.
Caminho eclético
Em direção ao litoral sul, a rodovia Interpraias conduz, por um trecho de apenas 14 km, a meia dúzia de praias. A estrada vai serpenteando entre os morros e o mar, o que faz com que cada curva surpreenda com um lindo visual. A primeira praia do trajeto é Laranjeiras. Pela proximidade com o centro da cidade, é uma praia bastante turística. Além do carro, você pode desembarcar nela em Barco Pirata, bondinho ou tirolesa. O barco, todo estilizado com cordas e bandeiras para que os visitantes entrem no clima dos Piratas do Caribe, sai da Barra Sul, em frente ao Parque Unipraias, e no trajeto de uma hora e meia até Laranjeiras diverte com as lutas entre os piratas Lombriga e Barata pela mão da princesa.
Laranjeiras é uma pequena e agradável baía, com mar calmo feito piscina, onde dá para deixar as crianças soltas e fazer stand up paddle sem se preocupar em desequilibrar-se. Há bons restaurantes por ali. Uma sugestão é o Quarta Estação, onde, além de servir pratos de camarão, moquecas e peixes, o proprietário Fábio Pellegrine colocou à disposição dos fregueses facilidades como armários com senha, wi-fi gratuito e kits para bebê, como fraldas e lenços umedecidos. Laranjeiras é uma praia família.
De Laranjeiras, pegue o bondinho aéreo (R$ 39, ida e volta) do Parque Unipraias, que, em uma viagem por cima do mar e da mata atlântica, leva ao Morro da Aguada. E a atração não é só essa. Os corajosos podem enfrentar uma tirolesa que põe medo, seja pela altura, seja pelo trajeto acima do oceano. A descida (R$ 45) é em uma cadeirinha ao ar livre, que atinge uma velocidade de 60 km/h.
Já as crianças e os adultos aproveitam juntos o Youhoo, um carrinho bem diferente. Lembra uma montanha-russa, com trilhos na encosta do morro, sobre a mata e com vista para o mar. Quem acelera o carrinho e decide a velocidade (e o nível da adrenalina) é o próprio passageiro ao puxar uma alavanca durante o trajeto. Custa R$ 34 em um trenó individual ou R$ 45 em dupla. Já os pequenos ficam loucos com a área temática Fantástica Floresta (R$ 15, a partir de 13 anos), com reproduções de casas de duendes, poços dos desejos e vila das fadas, além de uma mini montanha-russa que estava prevista para ser inaugurada em dezembro de 2016. Para deixar o parque, os visitantes pegam o bondinho novamente, parando na estação Barra Sul ou de volta a Praia das Laranjeiras.
Depois de Laranjeiras, seguindo pela Interpraias, chega-se a Taquarinhas, uma praia quase deserta de Balneário Camboriú. Da rodovia, a vista é tão bela que foi instalado um mirante para os turistas fotografarem a paisagem. Há como descer até a areia por uma escadinha, mas pouca gente faz isso, mantendo Taquarinhas como a mais tranquila da região. Taquaras, a praia seguinte, já é mais comprida e é abraçada por uma restinga por toda a orla.
Na sequência, a praia do Pinho é reservada apenas para quem não tem pudores como tirar a roupa em público. O Pinho é a primeira praia de naturismo do Brasil. A prática de ficar peladão por ali é antiga, mas o empurrão para que Pinho fosse reconhecida oficialmente como naturista aconteceu em 1985 quando o proprietário das terras, Domingos Fonseca, resolveu construir um restaurante e uma pousada na praia. Um ano depois, o naturismo foi regulamentado.
Cercada de mata fechada, a praia do Pinho está à paisana na estrada, e curiosos não conseguem enxergá-la facilmente da rodovia. Então siga em frente: rumo à tranquila Estaleiro, ou à Estaleirinho, a preferida dos surfistas. Praias é o que não faltam em Balneário Camboriú, e quem se dispuser a percorrê-las encontrará refúgios de paz, onde o turismo ainda não chegou e que o deixará intrigado, se perguntando por que, afinal, a maioria dos turistas prefere ficar amontoada na Praia do Centro, a mais sem graça e farofada de todas. Pensando bem, é melhor assim. Sobram mais praias só para você.