Há cerca de 30 km de Lisboa, uma montanha eleva-se junto a costa. Pode estar um lindo dia de sol, mas as nuvens costumam agarrar-se a ela como uma grande chapéu branco. Essa é a primeira vista de quem chega à Sintra, uma charmosíssima cidade histórica que nasceu em berço de ouro. Reis e nobres a escolheram, no passado, para escapar do tórrido calor do verão português e lá ergueram palácios e mansões que serviam de refúgios em meio ao clima mais ameno.
O maior exemplo do luxo de Sintra é o Palácio da Pena, onde a família real veraneava. Idealizado pelo rei D. Fernando II, foi inaugurado em 1885 com uma arquitetura que mistura elementos árabes, góticos e manuelinos. Os aposentos reais e salões guardam o mobiliário da época dos reis.


Outra atração clássica é a Quinta da Regaleira, a mansão do bilionário António Carvalho Monteiro construída início do século 20, que é circundada por um jardim de conto de fadas. São oito hectares de jardins com alamedas, terraços, capela, torres, grutas e lagos. Tudo entremeado por plantas exóticas e esculturas gregas de mármore. Destaque para o Poço Iniciático, uma espécie de torre invertida que segue para o subterrâneo até 27 metros de profundidade. Os visitantes descem pela escadaria até o fundo onde começa um labirinto de túneis que levam a outros pontos do jardim.


Já o centro histórico de Sintra é feito de vielas estreitíssimas onde os carros costumam raspar os retrovisores nas curvas mais fechadas. Melhor explorá-lo pé. O Largo da Rainha Dona Amélia, em frente ao Palácio Nacional de Sintra, é o ponto de partida e o melhor lugar para tomar um café, fazer selfies e começar a busca por alguma doceria que venda o tradicional “travesseiro de Sintra”, doce típico feito com muito açúcar e gemas de ovos.
Se olhar bem para cima, verá, no cocuruto de um pico muito íngreme, bem ao lado da cidade, as muralhas medievais do Castelo dos Mouros, do século 10. Os portugueses tiveram trabalho para tirá-los de lá até a reconquista da região pelos cristãos em 1147. À noite, as muralhas da fortaleza ficam iluminadas e dão um toque especial ao cenário.
O litoral de Sintra
Sintra fica a uma hora de carro de Lisboa. Dá para ir de carro alugado, Uber, van de agência ou mesmo de trem (são 50 minutos no “comboio” que parte da estação ferroviária do Rossio, a mais central de Lisboa). Por conta da proximidade, a maioria dos brasileiros vão à Sintra apenas para curtir o dia e voltar. Mas é pouco tempo para conhecer as principais atrações da cidade, e menos ainda para explorar o lindo litoral de Sintra. Sim, porque a cidade não se limita às encostas da tal montanha enevoada, esparrama-se também por um longo trecho de costa marcada por falésias dramáticas e 17 praias de areias douradas. É uma imensa surpresa, por exemplo, chegar a Azenhas do Mar, um vilarejo de casinhas brancas equilibradas no topo de um penhasco à beira-mar.

Já na Praia do Magoito, o cenário selvagem da praia emoldurada por altas falésias fica ainda mais adorável quando admirado das mesas no deque de um café instalado sobre o costão.
Na Praia da Aguda, há outro mirante espetacular e o início de uma trilha autoguiada sobre os paredões litorâneos que levam à diversas praias desertas, parte de uma reserva ambiental, o Parque Natural de Sintra-Cascais.


Por Tales Azzi
Foto de abertura: Shutterstock/ Mo Wu