O mundo está à mesa em São Paulo (SP). Onde comer bem na capital paulista

Capital Gastronômica da América Latina, São Paulo só para se for para comer. E come-se muito bem. Além da fartura de opções – está entre as dez cidades do mundo com maior número de restaurantes, com mais de 12 mil estabelecimentos –, a diversidade cultural reflete-se nas mesas com uma imensa variedade de menus para todos os paladares e bolsos. Você pode gostar de lanches, massas, sushis, carnes, frutos do mar, pratos árabes, comida regional brasileira e até mesmo de culinária grega, coreana ou indiana. Não importa a preferência: você sempre encontrará uma casa especializada naquilo que deseja saborear. Isso sem falar nas pizzas, que se transformaram numa instituição paulistana, com mais de 6 mil casas que vendem cerca de 1 milhão de redondas por dia. Impossível não ser cativado pelo estômago. Conheça alguns ícones da cena gastronômica paulistana e bom apetite!


Alta Gastronomia: Os Estrelados

Conheça alguns templos gastronômicos que já foram agraciados com estrelas pelo Guia Michelin.

D.O.M.

Único restaurante a ostentar duas estrelas Michelin desde a primeira edição brasileira do guia, o D.O.M., do aclamado chef Alex Atala, destaca-se por dar uma ótica contemporânea a ingredientes genuinamente brasileiros – como jambu, tucupi, baunilha-do-cerrado, cogumelos yanomami, baru, beldroega e a amazônica priprioca, que só passou a ter fins culinários após uma extensa pesquisa. Boa parte das iguarias vem de pequenos produtores, que provavelmente sequer imaginam que aquele palmito pupunha colhido nos confins de Jaú irá virar um saboroso fettuccine com manteiga de coral e camarão glaceado. Para empreender uma viagem sensorial pelos sabores do Brasil, vale entregar-se à experiência proposta pelo menu-degustação. Até mesmo porque seria impossível captar toda a ousadia de Atala em um único prato.

Endereço: Rua Barão de Capanema, 549, Jardins.

Site: http://domrestaurante.com.br

RYO

O japonês Ryo Gastronomia conquistou duas estrelas após passar por uma reformulação que o tornou ainda mais exclusivo: agora, a casa só serve menu-degustação e diminuiu sua capacidade de 50 para apenas oito pessoas. A casa nasceu da vontade que três amigos de infância tinham de proporcionar experiências autênticas da culinária tradicional kaiseki na cidade de São Paulo. Por isso, Ryo significa “coisas boas” e “irmandade” em japonês. O resultado são pratos que revelam iguarias orientais, técnicas sofisticadas e, claro, o toque de mestre do chef Edson Yamashita, como o tempura de pescado com nori, ouriço fresco, ameixa umeboshi desidratada, caviar e pétalas de flores da primavera.

Endereço: Rua Pedroso Alvarenga, 665, Itaim Bibi.

Site: www.ryogastronomia.com.br

EVVAI

Versões cheias de brasilidade de pratos da culinária italiana moderna – como Polenta Taragna (polenta cremosa com bacalhau na manteiga e ovo mollet defumado), Ciambella de Pato (massa recheada de pato com purê de cenoura e redução de laranja) e um bolo quente de polenta doce com compota de maçã assada, sorvete de pistache e outro de pipoca caramelizada – levaram os inspetores do Guia Michelin a incluir o Evvai na lista dos restaurantes com uma estrela. Nele, o chef Luiz Filipe Souza desenvolve uma culinária que define como “oriundi”: herdada de imigrantes italianos, mas integrada a produtores locais e aberta a múltiplas influências. Para entender esse conceito, vale pedir o menu-degustação, em nove etapas, que inclui combinações inusitadas de iguarias como trufa branca, vieiras, ovas de truta, foie gras, raiz forte e açaí. Impossível não se surpreender.

Endereço: Rua Joaquim Antunes, 108.

Site: www.evvai.com.br

HUTO

Inaugurado em agosto de 2007, o Huto oferece gastronomia requintada a preços acessíveis. Das invenções do sushiman preparadas sob a supervisão do proprietário Fabio Yoshinobu Honda, algumas são inesquecíveis, como o niguiri de ouriço-do-mar, o zarigani cabotiá (creme de abóbora, lagostim e caviar espanhol) e a pera cozida no vinho branco com sorvete de pistache e calda de maracujá. Vale pedir um dos menus Omakase para se deixar guiar pelo chef, que irá lhe surpreender com diferentes pratos, na quantidade que você quiser. Além da comida, chamam atenção o clima de balada (agora menos efusivo por causa da pandemia) e o design da casa, com fachada envidraçada, permitindo que o cliente observe o jardim e a tranquilidade da Avenida Jandira. Também há uma área reservada com teto retrátil e um sushibar central projetado para que se aprecie e observe cada detalhe da execução dos pratos.

Endereço: Avenida Jandira, 677, Moema.

Site: www.hutorestaurante.com.br

JUN SAKAMOTO

Foto: Edson Kumasaka

Os aficionados por comida japonesa esperam com paciência de samurai só para ficar em um dos oito disputadíssimos lugares do balcão, onde é possível assistir de camarote ao tratamento que Leonardo Jun Sakamoto dá aos cortes de peixes e carnes, geralmente filetados com suas facas aritsugu, ao som do melhor jazz, e finalizados com uma leve grelhada na chapa. Não à toa, o Guia Michelin o avalia não apenas como um sushiman, mas um “artista dos sabores”. Mas se você não conseguir um assento ali, tudo bem. Nas mesas você também terá a oportunidade de saborear delícias como ostras empanadas com ovas de tobiko, nigiris de lula com sal negro do Havaí, tartare de atum na geleia de shoyu e sorvete de maçã com gelatina de saquê doce. Para tornar essa experiência gustativa ainda mais inebriante, peça saquê ou um dos excelentes vinhos brancos da carta.

Endereço: Rua Lisboa, 55, Pinheiros.

Site: www.junsakamoto.com.br

KAN SUKE

A minúscula casa escondida em uma galeria paulistana mais parece um pedacinho do Japão no Brasil. Primeiro porque o chef, Keisuke Egashira, não fala português e muitas descrições do menu acabam incompreensíveis aos clientes sem olhos puxados. Segundo porque a magistral técnica e os ingredientes que utiliza no preparo de cada especialidade reproduzem de maneira fidelíssima tudo o que já fazia nos Kans de Kawasaki e de Tóquio, onde trabalhou por 25 anos. O resultado é uma explosão de sabores únicos. Até o arroz dos oniguiris é diferente: em vez de ser branquinho, como em todos os sushis da cidade, ali ele apresenta coloração mais escura, pois é temperado com vinagre preto. A melhor forma de saborear as iguarias é pedindo o menu-degustação, oferecido para apenas cinco pessoas no balcão, que normalmente prevê uma sucessão de delícias como os sashimis de toro (atum gordo) e ouriço-do-mar, o pargo com cogumelos, as ovas de salmão com gema de ovo crua e o pudim de leite (um must da casa).

Endereço: Rua Manoel da Nóbrega, 76, Loja 12 da Galeria Ouro Branco, Paraíso.

Reservas: (11) 3266-3819

KINOSHITA

Para os aficionados por comida japonesa, é um must have, principalmente depois que o chef Tsuyoshi Murakami, hoje genro de Kinoshita, adentrou o restaurante da Liberdade, em 1995, levando consigo a expertise adquirida em casas de Tóquio, Nova York e Barcelona. O resultado são pratos tradicionais nipônicos, mas temperados com fartas pitadas de ousadia seguindo as aprimoradas técnicas da kappo cuisine (cozinha tradicional nipônica que prima por ingredientes sazonais), conceito inédito até então no Brasil. Entre os destaques do cardápio – que pode ser à la carte ou servido na forma de uma “degustação surpresa” –, blue fin tataki com molho de wasabi e trufa negra; ostra fresca com ovas de salmão e o queridinho dos inspetores Michelin: mexilhão confitado em gordura de Wagyu e redução de Jerez. Tudo, claro, acompanhado por uma esplêndida carta de saquês.

Endereço: Rua Jacques Félix, 405, Vila Nova Conceição.

Site: www.restaurantekinoshita.com.br

MANÍ

Eleita a melhor chef mulher do mundo pelo The World´s 50 Best Restaurants em 2014, a gaúcha Helena Rizzo comanda as panelas do Maní num trabalho que, nas suas próprias palavras, combina “técnica e memória afetiva, invenção e tradição”. Resultado: uma estrela Michelin e outra constelação de sabores regionais cintilando no céu da boca. Junto com o chef belga Willem Vendeven, Helena oferece delícias feitas com ingredientes frescos e orgânicos, como o nhoque de mandioquinha com araruta e dashi de tucupi e o ceviche de caju com raspadinha de cajuína, ambos opções de entrada. De prato principal, vale provar o polvo na brasa ou a moqueca de frutos do mar. E para encerrar, a sobremesa intitulada Da Lama ao Caos, que leva berinjela, coalhada seca, lima, flor de laranjeira, pistache e gergelim preto.

Endereço: Rua Joaquim Antunes, 210, Jardim Paulistano.

Site: www.manimanioca.com.br

PICCHI

Detentor de uma estrela Michelin desde 2017, o Picchi instiga o paladar ao incluir o toque inventivo do chef Pier Paolo Picchi a receitas clássicas da culinária italiana, que despertam a memória afetiva dos almoços de domingo na casa da nonna. Para aguçar o paladar, as receitas ganham o frescor de produtos da estação, queijos artesanais, raízes e temperos que fazem toda a diferença na textura, no aroma, na apresentação e no próprio sabor de cada especialidade. É o caso do prato Pici, que cativou os inspetores do guia francês com sua massa artesanal, típica da Toscana, no molho de linguiça calabresa, feijão branco e peperoncino.

Endereço: Rua Oscar Freire, 533, Cerqueira César.

Site: restaurantepicchi.com.br


Os Clássicos de São Paulo

Mais do que comida, alguns estabelecimentos ganharam tanta fama que se tornaram verdadeiras instituições da cultura gastronômica paulistana

TERRAÇO ITÁLIA

Só a estonteante vista 360 graus do 41º andar, a 165 metros de altura, já justifica um happy hour no icônico Terraço Itália para passar o fim da tarde, tomar um drinque à luz de velas no bar e emendar um jantar em alto estilo. Mas a comida não fica atrás do panorama. Até o bar esbanja delícias como as famosas bruschettas do chef Pasquale Mancini, espetinhos de cordeiro ao molho de hortelã e camarões ao molho rosé. E uma Enomatic com rótulos do Velho e do Novo Mundo, criteriosamente selecionados pela equipe de sommeliers do Terraço, permite provar vinhos consagrados com a qualidade e frescor que merecem. Devido à pandemia, os shows musicais ficaram suspensos por um tempo. Por isso, vale ligar antes para checar a programação e reservar mesa no restaurante.

Endereço: Av. Ipiranga, 344, Centro.

Site: www.terracoitalia.com.br

FASANO

Foto: Divulgação

Localizado no piso térreo do elegante Hotel Fasano São Paulo, em um ambiente à la anos 1930, com cozinha inspirada nos sabores de diversas regiões da Itália, este restaurante centenário é considerado por muitos como a mais importante instituição da gastronomia brasileira. E o cardápio elaborado pelo chef Luca Gozzani faz jus ao título em clássicos que dão um toque de requinte às velhas fórmulas dos fogões da nonna, como o risoto à parmegiana com trufas, o nhoque recheado com ossobuco ao vinho branco e a costela de Wagyu glaceada no orégano com queijo Minas. Para acompanhá-los, vale pedir um dos mais de 400 rótulos da adega, que conta com châteaux, barolos e brunnellos de cepas antigas, garimpados em viagens à Toscana e ao Piemonte. Além do restaurante, para 80 clientes, há uma sala privada que acomoda até 26 pessoas e um piano-bar.

Endereço: Rua Vittorio Fasano, 88, Jardins.

Site: www.fasano.com.br

A FIGUEIRA RUBAIYAT

Foto: Divulgação

Quando os rodízios de carne começaram a ganhar fama no Brasil, o Rubaiyat apostou no menu à la carte para se diferenciar da concorrência oferecendo um serviço personalizado, que prioriza cortes nobres grelhados na brasa. O sucesso foi tanto que, em pouco tempo, a churrascaria, inaugurada em 1957, virou um grupo com quatro unidades no Brasil e também em outros países, como Argentina, Chile e Espanha. A mais ilustre é a da rua Haddock Lobo, onde os clientes provam pratos que vão desde feijoada até picanha com batatas ao murro ou frutos do mar sob a sombra de uma frondosa figueira.

Endereço: Rua Haddock Lobo, 1.738, Cerqueira César.

Site: www.gruporubaiyat.com

CARLINO

Foto: Divulgação

Inaugurado em 1881 pelo italiano Carlo Cecchini no Largo do Paissandú, o Carlino é o restaurante mais antigo de São Paulo ainda em atividade, com ótimas opções de massas, carnes e peixes. Depois de passar por vários donos e endereços, a casa funciona hoje em uma pequena travessa próxima ao Copan, sob o comando da família Marino, que mantém a alma italiana do estabelecimento e abre apenas para o almoço. Destaque para a sardella napolitana, as lasanhase o saboroso polpettone recheado com bastante queijo derretido.

Endereço: Rua Epitácio Pessoa, 85, Vila Buarque.

Site: www.ristorantecarlino.com.br

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